terça-feira, 9 de setembro de 2008

Odonata – Predadores e Presas

As ninfas de Odonata são carnívoras alimentando-se de uma grande variedade de organismos aquáticos. Não são predadores especialistas, alimentando-se daquilo que conseguirem capturar, como as larvas de moscas e mosquitos, pequenos anelídeos e crustáceos, girinos e alevins. Utilizam sobretudo a emboscada como técnica de caça, escondendo-se na vegetação ou nos sedimentos e lançando o seu lábio preênsil sobre a presa.
Os adultos são considerados os caçadores de topo dos insectos. Alimentam-se sobretudo moscas e mosquitos (Díptera), mas também borboletas e traças (Lepidoptera) e até de outros Odonata. Devido à estratégia de caça podem ser divididos em dois grupos. Um grupo é constituído por indivíduos que pousam num ponto alto do seu território e apenas levantam voo quando avistam uma potencial presa. Fazem parte deste grupo sobretudo as libelinhas e as libélulas da família Libellulidae. Do outro grupo fazem parte as espécies de maior porte, que patrulham o seu território em voo e apenas pousam se a presa capturada for demasiado grande para ser devorada em pleno voo.


Os Odonata são também presas. As ninfas servem de alimento sobretudo a peixes e a ninfas de Odonata maiores. Contudo, possuem algumas defesas nomeadamente a capacidade das ninfas de libélulas libertarem água do interior do seu corpo, em forma de jacto, impulsionando a ninfa rapidamente para a frente. A cor do seu corpo permite também a camuflagem no seu habitat e algumas ninfas possuem a capacidade de regenerar patas que tenham perdido. Os adultos, por seu lado, são sobretudo atacados por aves. Vespas e moscas predadoras fazem parte também da listagem de predadores dos Odonata, que ficam por vezes presos nas teias de aranhas. Durante a postura, a fêmea fica muitas vezes exposta à predação por parte dos anfíbios e répteis aquáticos.



Odonata – Anatomia de um predador

As ninfas de Odonata são extremamente difíceis de diferenciar, especialmente ao nível da espécie. Como em todos os insectos, o corpo divide-se em três partes: cabeça, tórax e abdómen. Ao contrário dos adultos, a cabeça é pouco móvel e os olhos de dimensões reduzidas. O seu aparelho bucal, único no mundo dos insectos, é constituído por um par de mandíbulas, por um par de maxilas e por um lábio preênsil que se estende rapidamente e permite a captura das presas. Este conjunto de órgãos é vulgarmente designado por “máscara” e apresenta variadas formas que, em conjunto com o tamanho dos filamentos que constituem as reduzidas antenas destes animais, permite a diferenciação de espécies. Ao tórax apresentam-se ligadas 3 pares de patas com morfologia muito semelhante às do adulto, sendo a locomoção a sua grande função. Na parte dorsal do tórax estão localizadas as 4 “almofadas alares" que darão origem às asas do imago. O abdómen é constituído por 10 segmentos. Nas libelinhas é fino, cilíndrico e alongado, enquanto que nas libélulas é bem mais volumoso e largo. O número de apêndices anais é também diferente nas duas subordens. Nas libelinhas são constituídos por duas lamelas caudais laterais ou “paraproctes” e por uma lamela caudal mediana ou “epiprocte”. Nas libélulas os apêndices anais formam uma pirâmide anal que se divide em 2 cercos (ou cercoides), 2 “paraproctes” e um “epiprocte”.

O adulto é bem mais fácil de diferenciar, muito embora algumas espécies apenas possam ser distinguidas por detalhes na sua morfologia. Em termos gerais, o adulto à semelhança da ninfa apresenta o corpo dividido em cabeça, tórax e abdómen. Na cabeça, estão localizados os olhos. Nas libelinhas os olhos compostos estão claramente separados e localizados nos dois lados da cabeça, enquanto que nas libélulas os olhos ocupam quase a totalidade da cabeça, estando em contacto numa considerável distância. Estes são constituídos por milhares de omatídeos que permitem aos Odonata possuírem uma visão de 360º. O tórax divide-se em duas partes. O “protórax” é de reduzidas dimensões e suporta a cabeça e o par de patas anterior. O “sintórax” é bastante volumoso e suporta as patas medianas e posteriores e as asas. As patas apresentam diferentes colorações, largura e quantidade de pelos, que permitem a diferenciação de espécies. Estão dispostas para a frente para permitir capturar as presas. As asas em número de 4 (2 anteriores e 2 posteriores) são poderosas e flexíveis, encontrando-se revestidas por inúmeras nervuras cuja disposição e tamanho permitem a diferenciação de espécies. O abdómen é normalmente cilíndrico e fino, podendo apresentar-se curto e largo nalgumas espécies de libélulas. Apresenta variadas cores e padrões e encontra-se dividido em 10 segmentos. É também aqui que estão situados os órgãos reprodutores. O macho possui os testículos no interior do nono segmento abdominal e o aparelho sexual secundário (constituída pelo pénis e pela bolsa receptáculo de esperma) no segundo segmento, enquanto que a fêmea apresenta os seus órgãos reprodutores nos oitavo e nono segmentos. No final do abdómen, os machos possuem umas estruturas designadas por “cercos” que permitem agarrar a fêmea durante o acasalamento.

Curiosidades:
"Aqui fica o peso corporal de algumas espécies de Odonata:
Calopteryx virgo – 91mg
Pyrrhosoma nymphula – 38mg
Ischnura elegans – 20mg
Anax imperator – 1200mg
Libellula depressa – 245mg
Sympetrum striolatum – 232mg"

Fonte: Askew, R.R. 2004. The Dragonflies of Europe (Revised Edition).Harley books
Dijkstra, K.B. (Editor) & Lewington, R. (Illustrated).2006. Field Guide of the Dragonflies of Britain and Europe. British Wildlife Publishing

Odonata – Ciclo de Vida (vídeos)

Ciclo de Vida das Libelinhas





Ciclo de Vida das Libélulas