segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Odonata – Aspectos Gerais

As libélulas e libelinhas são insectos pertencentes à ordem Odonata (do latim Odon = “Provida de dentes”). Este grupo surgiu no Carbónio superior, à mais de 300 milhões de anos, separando-se desde logo dos outros insectos alados e chegou aos nossos dias sem grandes alterações na sua estrutura básica. Actualmente conhecem-se cerca de 5700 espécies, distribuídas por todos os continentes, à excepção da Antárctida.
A ninfa é aquática e extremamente voraz, alimentando-se de outros insectos, alguns crustáceos e até pequenos peixes. Mas é nos adultos que os vários milhões de anos de evolução atingem o seu expoente máximo. As libélulas e libelinhas adultas caracterizam-se pelos enormes olhos compostos e pelos dois pares de asas bem desenvolvidas e cobertas por uma densa rede de nervuras. Estas duas características fazem com que sejam consideradas os “caçadores de topo” dos insectos. As suas poderosas asas permitem um voo extremamente rápido (podem chegar aos 30km/h) e em qualquer direcção e os seus olhos compostos por 10 a 30 mil lentes microscópicas (omatídeos), permitem aos Odonata ter um campo de visão de 360º, conseguindo detectar rapidamente qualquer outro movimento num raio de vários metros.
A ordem Odonata está dividida em três subordens: os Zygoptera (libelinhas ou cavalinhos-do-diabo) são mais pequenos e frágeis e possuem os dois pares de asas semelhantes; os Anisoptera (libélulas ou tira-olhos) são grandes e robustos e as asas posteriores são mais largas que as anteriores; e os Anisozygoptera, que contam apenas com duas espécies vivas apresentam características mistas entre as subordens anteriores.
Na Europa, tradicionalmente, associa-se as libélulas com o Diabo, a dor ou o perigo, enquanto que nos países asiáticos estas aparecem ligadas a temas como a tranquilidade, a força ou a coragem. A sua relação com o Homem ocorre nas mais variadas áreas. Fazem parte do regime alimentar de alguns povos de África, da América, do Médio Oriente e de algumas regiões da Indonésia. Na China e no Japão, algumas espécies são vendidas como receita contra as inflamações da garganta e contra a febre. Ocupam, ainda, um lugar na arte, aparecendo nas mais variadas formas de pintura e escultura e servindo como musa inspiradora a um sem número de escritores. Contudo o seu aspecto ecológico é o mais importante já que, como predadores, contribuem para reduzir as populações de insectos nocivos para o Homem e, para além disso, servem de alimento para vários animais vertebrados (alguns peixes alimentam-se das ninfas de Odonata e algumas aves podem utilizar os adultos como refeição). Esta posição intermédia na cadeia trófica, juntamente com a relação específica de algumas espécies com determinadas plantas, a rápida colonização de novos habitats e a resposta veloz a algumas alterações do habitat permite que os Odonata sejam considerados excelentes indicadores da qualidade ecológica dos ecótonos terra–água, da heterogeneidade do habitat (morfologia da margem e vegetação aquática, por exemplo) e, ainda, da dinâmica hidráulica da massa de água.
Por este grupo estar normalmente associado ao meio aquático, a poluição dos cursos de água e a substituição das zonas húmidas por construções humanas, são as suas principais ameaças, encontrando-se, algumas espécies, ameaçadas de extinção. Segundo a International Union for the Conservation of Nature and Natural Resources (IUCN), na Europa, encontram-se seis espécies com estatuto de conservação, mas muitas outras se poderão juntar, principalmente as espécies endémicas de determinados locais, cujas populações são reduzidas e a sua distribuição limitada.

Ouve um dia em que me perguntaram:
-“Mas esses bichos fazem mal ao Homem?”

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